DA POESIA COMO VENENO
Há palavras que incendeiam os sentidos e alucinam quem as lê, palavras
carregadas de luz e prontas a explodir dentro da cabeça. Há palavras
tão perigosas que devem ser manipuladas com luvas de borracha e máscara
de protecção, palavras que nos desarmam, ferem e contaminam. Há
palavras mortíferas. Tiago Gomes, poeta em gestação, procurou-as
num livrinho de título curioso: "Brincadeiras com Cianeto". Ainda
não as encontrou - há mais brincadeiras do que cianeto nesta obra
- mas anda lá perto. Três exemplos:
"Era um psicopata / que assassinava estrelas rock / com pistolas Valter /
à saída do estúdio / a rádio dava música do
apocalipse / com guitarras desafinadas /e baterias em batida / tum tá tum
tum"
|
|
|
"Da última vez que o amaram / toda a sua família foi chacinada";
"Neste mundo nada espantaria / nem mesmo um abrupto final.
Autor:Tiago
Gomes, "Brincadeiras com Cianeto", Edições Mortas, 37
páginas
|